Carta de JK: Mulher que recebeu mensagem encontrada em livro em MG foi governanta do ex-presidente
09/09/2025
(Foto: Reprodução) Mulher que recebeu carta de JK encontrada em livro foi governanta do ex-presidente
A carta do ex-presidente Juscelino Kubitschek encontrada em um livro no Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas (MG) foi enviada a uma funcionária pública natural da cidade que serviu ao político como governanta.
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Em 1958, Tereza Bonifácio se afastou do serviço público e se mudou para Brasília para trabalhar para a família Kubitschek, ainda durante a construção da nova capital federal.
“Todos eram muito simples, muito mineiros”, disse a servidora sobre JK e outros políticos que trabalhavam com ele em uma entrevista concedida em 2004 à TV Poços.
Tereza Bonifácio foi governanta de Juscelino Kubitschek quando ele era presidente do Brasil
Reprodução TV Poços
Na entrevista, Tereza também lembrou do tempo em que acompanhou a construção de Brasília.
“Quando eu fico vendo o que Brasília é hoje, eu penso: 'Meu Deus isso aqui era mato, aqui não existia. Eu participei desde a fundação, desde a saída de Brasília do chão.”
Após se aposentar, em 1975, Tereza voltou para Poços de Caldas, onde viveu até morrer.
Carta e dedicatória
Tereza Bonifácio foi governanta de Juscelino Kubitschek quando ele era presidente do Brasil e recebeu mensagem dele em caderno de memórias
Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas
O museu apurou que a carta foi enviada a várias pessoas no final do governo de JK e que o ex-presidente utilizou técnicas de reprodução modernas da época, o que possibilitou que ele a enviasse para inúmeros pessoas.
Na publicação em que estava a carta, chamado “Livro de Ouro” havia uma dedicatória de próprio punho a Tereza.
“A Tereza Bonifácio, que durante tanto tempo nos acompanhou nessa dura luta da presidência, trabalhando conosco no Palácio da Alvorada, a homenagem, o apreço e a amizade de Juscelino Kubitschek - Brasília, 25-1-1961”
Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil de 1956 a 1961
Arquivo público/DF
A encadernação que é uma espécie de mensagens tem ainda as assinaturas da esposa de JK, Sarah, e de suas filhas Márcia e Maria Estela. Além de outras de embaixadores, de presidentes de outros países e até da Miss Brasil de 1959, Vera Regina Ribeiro.
Segundo a historiadora Jussara Soares, que encontrou a carta, além do “Livro de Ouro”, Tereza doou outros itens de importância histórica ao museu.
Agora, o museu está fazendo uma pesquisa sobre a trajetória de Tereza e analisa como vai deixar expostos à carta e o livro.
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Carta estava no meio do livro
Carta de JK é encontrada dentro de livro em museu de Poços de Caldas
A carta de JK foi encontrada pela historiadora Jussara Soares, que faz estágio em museologia no museu de Poços de Caldas. A descoberta aconteceu em 28 de agosto, durante o trabalho de reorganização e digitalização do acervo.
“Foi uma carta que JK enviou para várias pessoas em janeiro de 1961. Encontrei um tesouro!”, disse Jussara.
Carta de Juscelino Kubitschek é encontrada em livro do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas
Prefeitura de Poços de Caldas/Divulgação
A carta estava dobrada no interior de uma publicação com capa de couro chamada "Livro de Ouro". O documento passou por uma higienização mecânica e está acondicionado no arquivo do museu.
No texto, JK expressa sua gratidão ao povo brasileiro, faz um balanço positivo de sua gestão e afirma ter cumprido os compromissos assumidos ao longo dos seus cinco anos de governo.
"Ao aproximar-se o término do meu mandato, venho manifestar-lhe, de modo especial, o meu reconhecimento pelo seu patriótico apoio à luta que travei para conduzir a pleno êxito a causa do desenvolvimento nacional", inicia a carta.
Estagiária de museu encontra carta de JK dentro de livro no interior de MG: 'Um tesouro'
A originalidade do documento foi comprovada pelo selo presidencial em alto-relevo e pela assinatura. O destinatário da carta, porém, era desconhecido, uma vez que o envelope não estava com a carta, mas foi identificado após pesquisas da historiadora.
Na carta, o presidente diz ainda que continuaria trabalhando pelo Brasil após sua saída da presidência.
“Sejam quais forem os rumos da minha vida pública, levarei comigo ao deixar o honroso posto que me confiou a vontade popular, o firme propósito de continuar servindo ao Brasil com a mesma fé, o mesmo entusiasmo e a mesma confiança nos seus altos destinos”, despede-se Juscelino Kubitschek.
Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros em 1961. Após a tomada do poder pelos militares, em 1964, teve os direitos políticos suspensos e se auto exilou nos Estados Unidos e na Europa. Retornou ao Brasil em 1967. Em 1976 morreu em um acidente de carro no estado do Rio de Janeiro.
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